Qual é o correto: Acordeon ou Acordeão?
Thiago Rocioli
Da Redação/Musixe
Ele é chamado de acordeon, acordeão, sanfona (especialmente no Nordeste brasileiro) e até gaita, uma peculiaridade no Rio Grande do Sul – embora o instrumento de fole e teclas não tenha nada a ver com a gaita de boca. Fato é que, embora nomeado de formas diferentes, trata-se do mesmo instrumento.
Seja acordeon ou acordeão (ambas formas estão corretas, sendo a segunda a mais utilizada na língua portuguesa), o instrumento nasceu na Europa do século XIX, pelas mãos de Christian Friedrich Ludwig Buschmann e Cyrillus Demian, viajou o mundo e fincou suas raízes na cultura musical brasileira com a chegada dos imigrantes.
O fole, essencial como um pulmão, impulsiona o ar através de delicadas palhetas metálicas, as gaitas, que vibram para produzir as notas que nos emocionam. Cada gaita abriga uma ou mais vozes, pequenas aberturas que, ao serem afinadas e combinadas, oferecem uma rica “tapeçaria” de timbres. As caixas de ressonância amplificam essas vibrações, e em modelos como os de “quarta de voz dupla ressonância”, proporcionam um som aveludado e encorpado, tão característico do forró.
A escolha entre acordeons de terceira ou quarta de voz reside nas nuances sonoras desejadas pelo músico. Os registradores atuam como maestros de timbre, permitindo ao acordeonista alterar as combinações de palhetas ativadas, expandindo as cores sonoras do instrumento e até mesmo imitando outros instrumentos.
Na seção dos baixos, um sistema engenhoso de botões oferece a base harmônica e rítmica da música. Nos modelos de 120 baixos, a disposição estratégica das seis fileiras de botões – desde os contrabaixos até os acordes com sétima diminuta – facilita a execução de acompanhamentos complexos e a exploração de ricas progressões harmônicas.
Apesar de sua aparência robusta, o acordeão é um instrumento sensível. A exposição à umidade, como a maresia, e ao calor excessivo pode desafinar as gaitas e danificar a cera que as fixa. Por isso, manter o instrumento em um ambiente estável e realizar manutenções periódicas são cruciais para preservar sua sonoridade e garantir sua longevidade. O fole, coração pulsante do acordeão, exige um manejo habilidoso para controlar o fluxo de ar e expressar a dinâmica musical.
A versatilidade do acordeão o consagrou em uma miríade de gêneros musicais. No Brasil, ele é a alma vibrante do forró, do sertanejo de raiz e da música tradicional gaúcha. Cruzando fronteiras, sua voz ecoa apaixonadamente no tango argentino, nas melodias folclóricas da Europa, no contagiante vallenato colombiano e em muitos outros estilos, demonstrando sua capacidade única de se adaptar a diferentes culturas musicais.
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