Escala diatônica nasceu dos estudos de Pitágoras; entenda | Musixe.com

Thiago Rocioli
Da Redação/Musixe

A escala diatônica foi formalizada a partir dos estudos de Pitágoras sobre a matemática do som. Consiste em sete notas que se organizam de maneira a criar um padrão auditivo extremamente familiar e harmonioso.

A fórmula de intervalos que define a escala diatônica maior é: tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom. Este padrão é fácil de visualizar, especialmente em instrumentos de tecla, como o teclado, por exemplo, onde as teclas brancas correspondem às notas da escala de C maior: C, D, E, F, G, A, B; já as pretas são os acidentes musicais: bemol e sustenido.

Pitágoras descobriu que as relações de proporção entre comprimentos de cordas produziam sons que, quando tocados juntos, soavam agradavelmente. Por exemplo, uma corda tocada em sua totalidade e outra exatamente com metade do seu comprimento produziam a mesma nota em oitavas diferentes, um intervalo que hoje chamamos de oitava. De maneira similar, proporções de 2:3 e 3:4 resultavam em intervalos que conhecemos como quinta e quarta perfeitas, respectivamente. Esses estudos pioneiros estabeleceram a base para a criação de um sistema de notas que era matematicamente lógico e agradável ao ouvido.

O trabalho de Pitágoras, embora fundamental, foi a semente para o desenvolvimento da escala diatônica como a conhecemos hoje. Ao longo da história da música ocidental, essa escala evoluiu, sendo adotada e adaptada por diferentes culturas e tradições. Na Idade Média, a Igreja Católica desempenhou um papel crucial em sua formalização, utilizando-a para o canto gregoriano. Os modos gregos antigos, que se baseavam nas notas da escala diatônica, foram a espinha dorsal de grande parte da música sacra.

A escala de Dó Maior, a mais pura representação da escala diatônica maior, tornou-se o modelo principal para a música tonal, especialmente a partir do período barroco. Sua popularidade cresceu exponencialmente, moldando a música de compositores como Bach e Mozart e se tornando a base do sistema tonal que domina a música ocidental até os dias atuais.

O intervalo de tom é o equivalente a duas notas separadas por uma nota intermediária, como a distância entre Dó e Ré. Já o semitom é a menor distância entre duas notas, como a distância entre Mi e Fá.

Visualizar essa fórmula em um teclado é a maneira mais fácil de compreendê-la. As teclas brancas do teclado, a partir do Dó central, formam a escala de Dó Maior: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si. Ao tocá-las em sequência, notamos que a distância entre Dó e Ré é de um tom (há uma tecla preta entre eles), de Ré a Mi é outro tom (também com uma tecla preta no meio), mas de Mi a Fá é um semitom (não há tecla preta entre eles). O padrão continua: de Fá a Sol, Sol a Lá e Lá a Si são todos tons, enquanto a distância de Si a Dó (da próxima oitava) é um semitom.

As teclas pretas do teclado, por sua vez, representam os acidentes musicais, os sustenidos e os bemóis. Eles são variações das sete notas diatônicas. Um sustenido (#) eleva uma nota em um semitom, enquanto um bemol (b) a abaixa em um semitom. Por exemplo, a tecla preta entre Dó e Ré pode ser chamada de Dó sustenido ou Ré bemol, dependendo do contexto musical. Esses acidentes musicais expandem as possibilidades sonoras da escala diatônica, permitindo a criação de outras escalas maiores e menores, todas baseadas na mesma estrutura de sete notas, mas com diferentes sequências de tons e semitons. A escala diatônica é, portanto, muito mais do que um conjunto de notas; é um sistema organizado e matematicamente preciso que serve como a espinha dorsal da música, proporcionando uma estrutura familiar e harmoniosa para a expressão criativa. Sua simplicidade aparente esconde uma profundidade histórica e teórica que ressoa através dos séculos, conectando-nos a Pitágoras e a todos os músicos que vieram depois dele.