Sustenido: o que é e por que ele muda tudo? | Musixe.com

Thiago Rocioli
Da Redação/Musixe

A teoria musical pode parecer complexa, mas alguns conceitos são mais simples do que parecem. Um deles é o sustenido, um dos símbolos mais importantes da notação musical. Se você já se deparou com um “#” ao ler uma partitura ou cifra, saiba que ele é um sustenido. Mas o que ele realmente significa?

De forma simples, o sustenido é um acidente musical que eleva a altura de uma nota em meio tom. Em outras palavras, ele deixa o som da nota um pouco mais agudo. Para entender isso, imagine um teclado de piano: se você tocar a tecla branca de um Dó, o sustenido (Dó#) seria a tecla preta imediatamente à direita. Entre a nota Dó e a nota Dó#, há um intervalo de meio tom. Pode-se dizer que o sustenido funciona como um “atalho” para uma nota vizinha, mas em vez de subir para a próxima nota natural (como de Dó para Ré), ele a eleva em um passo menor.

O sustenido é crucial para a riqueza e diversidade da música. Ele não está lá por acaso; ele tem um propósito muito claro: a criação de escalas e acordes. A maioria das músicas é baseada em escalas. Para construir uma escala de, por exemplo, Sol Maior, é necessário usar um sustenido (o Fá#). Sem ele, a escala não soaria da forma “correta” e esperada. O mesmo acontece com os acordes. O sustenido permite que os acordes tenham sonoridades mais complexas ou se encaixem perfeitamente nas progressões musicais.

Além disso, ele é fundamental na transposição, que é o processo de mover uma música inteira para uma tonalidade diferente. Por exemplo, se uma música está na tonalidade de Dó e você precisa tocá-la em Ré, algumas notas precisarão ser alteradas com sustenidos (o Fá e o Dó originais se tornam Fá# e Dó#). O sustenido é a ferramenta que torna essa mudança possível, ajustando a melodia e harmonia para que a música soe bem na nova tonalidade. Compositores também o usam para dar mais cor e emoção a uma melodia, criando uma tensão que será resolvida em uma nota posterior, gerando uma sensação de movimento e dinamismo na música. É uma ferramenta essencial para a expressão artística.

Na prática, o sustenido pode aparecer de duas formas: sustenido fixo (armadura de clave) ou sustenido acidental. O sustenido fixo aparece no início da partitura, após a clave. Eles indicam que todas as notas correspondentes a eles devem ser tocadas com um sustenido durante a música inteira. Já o sustenido acidental aparece ao lado de uma nota específica ao longo da partitura. Neste caso, o sustenido vale apenas para aquela nota e para as notas idênticas que aparecem na mesma medida (ou compasso).

É importante notar que o sustenido tem um “oposto”: o bemol (♭). Enquanto o sustenido eleva a nota em meio tom, o bemol a diminui em meio tom. Em muitos casos, uma nota com sustenido pode ser a mesma que outra com bemol. Por exemplo, o Dó# e o Ré♭ são a mesma nota no teclado (a mesma tecla preta). A diferença entre usar um ou outro depende da tonalidade em que a música está escrita.