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O acorde do diabo: o feitiço do Trítono

Thiago Rocioli
Da Redação/Musixe

Imagine só: o som de uma igreja medieval ecoando, monges sussurrando em latim, velas tremulando na escuridão… e então, de repente, um intervalo sonoro arrepiante: o trítone. Conhecido como o “Diabolus in Música” — sim, o próprio “Diabo na Música” —, esse intervalo se tornou uma lenda tão inquietante que era capaz de fazer até os músicos mais experientes evitarem suas notas sombrias. Mas por quê? O que há de tão demoníaco neste intervalo que virou uma verdadeira lenda na história da música ocidental?

O trítono não é qualquer intervalo. Ele é aquele que fica exatamente entre o início e o meio de uma escala, resultando em uma divisão peculiar e instável de três tons inteiros entre duas notas. Diferente de um acorde estável, ele nunca chega a um fim por si só; ou seja, ele se recusa a descansar, mantendo-se sempre “aberto”, suspenso no ar. Esse som “desajustado” provoca no ouvinte uma tensão incômoda que clama por resolução. No entanto, em vez de nos oferecer o conforto e a harmonia de um descanso final, ele só nos oferece mais suspense. Talvez seja por isso que, na Idade Média, o trítono ganhou uma fama obscura, afinal, quem tocava essas notas parecia ter invocado uma força nada divina.

Foi Mesmo Proibido por ser o som do Diabo?

Diz a lenda que a Igreja Católica, preocupada com o comportamento e a moral dos seus fiéis, teria banido o trítono, classificando-o como “inadequado” ou até mesmo “divisor”. Esse som “do mal” era um tabu — para dizer o mínimo —, e acredita-se que qualquer músico que ousasse arriscar-se com essas notas sombrias era visto com desconfiança. Mas será que tudo isso é verdade?

A verdade é que não há documentos oficiais ou decretos canônicos da época medieval proibindo explicitamente o trítono. Não há registros de que algum músico medieval tenha sido excomungado por “heresia musical”.

Em trilhas de filmes de terror, ele faz sucesso justamente por evocar aquele arrepio súbito na espinha. Basta tocá-lo alternadamente para que o ouvinte comece a sentir uma presença desconfortável ao seu redor, e é exatamente isso que filmes de suspense e terror buscam: criar tensão e, ao mesmo tempo, alimentar a expectativa de que algo muito ruim está prestes a acontecer. Alguns filmes, como O Exorcista, utilizaram variações baseadas no trítono em sua trilha sonora para amplificar o horror da experiência.

Curiosamente, enquanto evitado no passado, o trítone se tornou essencial na música ocidental moderna. É só ouvir qualquer acorde dominante que você logo vai perceber o efeito do trítono. Quando analisamos um acorde como G7 (dominante de dó maior), composto pelas notas Sol, Si, Ré e Fá, notamos um trítono entre as notas Si e Fá. Esse intervalo é o que dá ao acorde G7 aquela “necessidade” de resolução, pedindo para caminhar até o repouso de Dó maior, o tom que resolve todo o drama sonoro. Isso se torna ainda mais interessante nos campos harmônicos, onde acordes meio-diminutos, como Am7(b5), surgem naturalmente — com um trítone no intervalo entre Lá e Mi bemol. Então, por mais que esse intervalo tenha sido visto como “demoníaco”, ele é a base das progressões de acordes que amamos. Sem ele, a música perderia muito de sua dramaticidade!

O Trítono Hoje

Em gêneros como jazz e blues, o trítono encontrou um lar. Aqui, ele não só é bem-vindo, como é celebrado. Artistas e compositores usam ele para criar uma sonoridade “suja” e angustiante, quase como um flerte com o perigo e a rebeldia. Afinal, quem resiste à emoção de tocar com um pouco de risco? No jazz, o trítono é o “tempero secreto” que traz aquela tensão que parece dizer: “Algo grande está por vir”. Na música contemporânea, ele cria atmosferas densas e até mesmo sensuais, estabelecendo um misto de tensão e atração irresistível.

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