Frígio: o modo da sombra | Musixe.com

Thiago Rocioli
Da Redação/Musixe

O modo frígio é o terceiro dos modos gregos e se destaca por sua sonoridade peculiar e expressiva. Derivado da escala maior, ele se diferencia dos outros modos pela posição de seus semitons, o que lhe confere uma “cor” sombria e intensa.

Para entender sua formação, podemos partir da escala maior. Se tomarmos a escala maior e iniciarmos a contagem a partir do seu terceiro grau, obteremos a sequência de notas do modo frígio.

Considerando a escala maior de Dó (C): C−D−E−F−G−A−B−C, o terceiro grau é Mi (E). Ao construirmos uma escala a partir de Mi, seguindo a mesma ordem de tons e semitons da escala maior, chegamos ao modo frígio de Mi: E−F−G−A−B−C−D−E.

Analisando os intervalos a partir da tônica (Mi), notamos a seguinte estrutura: S (Semitom) – T (Tom) – T (Tom) – T (Tom) – S (Semitom) – T (Tom) – T (Tom).

A característica mais marcante do modo frígio é o semitom entre o primeiro e o segundo graus. Essa segunda menor confere ao modo uma sensação tensa, exótica e, por vezes, até dramática. Outros intervalos importantes incluem a terça menor e a sétima menor, que contribuem para sua qualidade menor.

Encontramos o modo frígio em diversos contextos musicais, embora talvez não seja tão onipresente quanto o jônico ou o dórico. Na música flamenca, por exemplo, a sonoridade frígia é fundamental, especialmente no chamado “modo frígio dominante” ou “modo flamenco”, que possui uma terceira maior. Já no metal, o modo frígio encontra um terreno fértil para sua expressividade intensa. A característica segunda menor cria uma dissonância imediata e um senso de tensão que se encaixa perfeitamente na agressividade e no peso do gênero. Bandas de metal frequentemente exploram essa sonoridade em riffs marcantes e solos carregados de emoção, utilizando a instabilidade do modo para gerar um impacto.