As notas musicais e o círculo de quintas: um guia prático | Musixe.com

Thiago Rocioli
Da Redação/Musixe

Se você está começando a estudar música agora ou busca uma compreensão mais profunda da organização dos sons, prepare-se para desvendar as notas musicais e o círculo de quintas. À primeira vista, pode parecer um diagrama, mas acredite, ele é um mapa incrivelmente útil para entender as relações entre as notas, as tonalidades e as armaduras de clave.

Comecemos pelo princípio: as sete notas musicais naturais que dão nome às teclas brancas do piano. Você provavelmente já as conhece: Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – Si. Essa sequência se repete ao longo do teclado, em diferentes oitavas (registros). Pense nelas como as cores primárias da música, a base para todas as melodias e harmonias.

Entre algumas dessas notas naturais, encontramos as teclas pretas. Elas representam as alterações das notas naturais, elevando-as ou abaixando-as em meio tom. O sustenido (#) eleva a nota em meio tom. Por exemplo, a nota entre Dó e Ré é o Dó sustenido (Dó#). O bemol (♭) abaixa a nota em meio tom. A mesma nota entre Dó e Ré também pode ser chamada de Ré bemol (Ré♭).

É importante notar que algumas notas naturais já são separadas por um tom inteiro (Dó-Ré, Ré-Mi, Fá-Sol, Sol-Lá, Lá-Si), enquanto outras são separadas por um semitom (Mi-Fá, Si-Dó). Essa estrutura interválica é fundamental para a formação das escalas e acordes.

Agora, prepare-se para conhecer uma ferramenta visual poderosa: o círculo de quintas.

Imagine um círculo onde as tonalidades maiores estão dispostas em intervalos de quinta justa ascendente no sentido horário, e as tonalidades menores relativas (compartilhando a mesma armadura de clave) estão internamente ou relacionadas de alguma forma.

Partindo de Dó Maior (ou Lá Menor), no topo do círculo, encontramos a tonalidade de Dó maior (e sua relativa Lá menor). Essa tonalidade não possui nenhum sustenido ou bemol em sua armadura de clave. Ao nos movermos uma quinta justa para a direita de Dó, chegamos a Sol maior (e sua relativa Mi menor). Sol maior possui um sustenido na sua armadura: Fá#.

Continuando a jornada, a próxima quinta justa a partir de Sol é Ré maior (e sua relativa Si menor), que possui dois sustenidos: Fá# e Dó#. A cada quinta justa ascendente, um novo sustenido é adicionado à armadura de clave, e esse sustenido é sempre a sétima nota da escala da tonalidade anterior.

Movendo-se no sentido anti-horário (quintas descendentes ou quartas ascendentes), se partirmos de Dó e nos movermos uma quinta justa para a esquerda, chegamos a Fá maior (e sua relativa Ré menor). Fá maior possui um bemol na sua armadura: Si♭.

A cada quinta justa descendente (ou quarta justa ascendente), um novo bemol é adicionado à armadura de clave, e esse bemol é sempre a quarta nota da escala da tonalidade anterior.

A grande sacada do círculo de quintas é a sua capacidade de nos mostrar instantaneamente a armadura de clave de cada tonalidade maior e menor. O número de sustenidos na armadura de clave de uma tonalidade maior é igual ao número de passos no sentido horário a partir de Dó. A ordem dos sustenidos é sempre a mesma: Fá – Dó – Sol – Ré – Lá – Mi – Si.

O número de bemóis na armadura de clave de uma tonalidade maior é igual ao número de passos no sentido anti-horário a partir de Dó. A ordem dos bemóis é sempre a mesma: Si – Mi – Lá – Ré – Sol – Dó – Fá. Ao olhar para o círculo, você pode rapidamente identificar que a tonalidade de Lá maior (quatro passos à direita de Dó) terá quatro sustenidos em sua armadura: Fá#, Dó#, Sol# e Ré#. Da mesma forma, Mi♭ maior (três passos à esquerda de Dó) terá três bemóis: Si♭, Mi♭ e Lá♭.

O círculo de quintas vai muito além de apenas listar tonalidades e armaduras de clave. Ele ilustra as relações harmônicas entre as tonalidades. Tonalidades vizinhas no círculo (como Dó e Sol, ou Dó e Fá) são harmonicamente mais próximas e frequentemente aparecem em progressões de acordes.

Compreender o círculo de quintas é um passo fundamental para ler e escrever partituras com mais facilidade, entender a estrutura das músicas e as progressões harmônicas, improvisar com mais consciência das tonalidades, compor melodias e harmonias de forma mais intuitiva e memorizar as armaduras de clave.